Jornalismo de Rua #1
A primeira edição do Jornalismo de Rua trouxe os lambes abaixo com dados sobre opressões sistemáticas presentes no Brasil
TRANSFOBIA
O Brasil é campeão mundial de mortes de pessoas trans e travestis. De acordo com pesquisa da ONG Transgender Europe, entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram 604 homicídios destas pessoas no país — crimes registrados com características de violência transfóbica. Segundo o livro Travestis Envelhecem, do psicólogo social Pedro Sammarco, a média de vida deste grupo da população é de somente 35 anos. A média de vida da população brasileira em geral é de 74,9 anos.
MORADIA
Segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010), existem 6,07 milhões de habitações vazias no Brasil, enquanto 5,8 milhões de famílias não têm um teto para morar. Como salienta a urbanista Raquel Rolnik, não existe déficit habitacional no país, o problema — uma vez mais — é de distribuição. Ainda segundo a pesquisa, 48% das habitações (em torno de 30 milhões) não possuem condições adequadas de moradia, ou seja, não dispõem de estruturas como coleta de lixo, abastecimento de água, esgoto sanitário ou fossa séptica.
RACISMO
O Mapa da Violência 2014, estudo conduzio pelo sociólogo Jorge Waiselfisz, traçou um panorama do contexto social de violência em que vive a juventude pobre, principalmente, negra, no país. Constatou-se que, por ano, são mortos 20 mil jovens entre 15 e 29 anos. Destes jovens assassinados, 77% são negros. O estudo ainda demonstra que, apesar do número de jovens mortos ter se mantido estável, entre 2002 e 2012, a vitimização de pessoas negras aumentou 100,7%. Ou seja, a seletividade social e o racismo que definem os jovens assassinados intensificou-se nos últimos anos.
Pesquisa e Texto: Gabrielle de Paula, Yamini Benites e Jonas Lunardon Arte: Johannes Kolberg